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Crime Passional

11/08/2014 07:10

Cada vez mais comum no Brasil, o crime passional pode ser evitado com políticas públicas preventivas, diz psicóloga

                                                  Antonio Carlos S. Meirelles

   A sociedade brasileira vive uma época marcada por crimes bárbaros, entre eles destacam-se os passionais, que atingem homens e mulheres, já se observando casos entre casais gays. Não há como negar que os crimes passionais, especialmente os que têm vitimado a mulher, crescem a olhos vistos. Dados do IPEA (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas) indicam que entre 2009 e 2011 o Brasil registrou 16,9 mil “feminicídios”, ou seja, mortes de mulheres perpetradas por parceiros íntimos. Esse número indica uma taxa de 5,8 casos para cada grupo de 100 mil mulheres. Por outro lado, nota-se uma certa fragilidade, ou ineficiência da Justiça em proteger a mulher, mesmo com a Lei Maria da Penha, criada em 2006, que tem como finalidade prevenir a violência e resguardar a vítima. No entanto, com resultados que ainda deixam a desejar, principalmente diante de uma visão distorcida da lei, disseminada na opinião pública, que coloca o agressor, quando denunciado, em situação humilhante.  

    “Diante de um fenômeno que alcança tais dimensões no Brasil, e que atinge todas as classes sociais, indistintamente, ainda não existem políticas públicas preventivas contra esses crimes; especialmente nos campos da psicologia e da psiquiatria. O que temos hoje são apenas medidas corretivas. No entanto, a dificuldade de acesso do casal a uma possível consulta, ou mesmo a uma terapia apropriada, torna difícil prevenir a agressão”, comenta a psicóloga Vilma Moreira Santos.

 Há muitos casos em que a denúncia nas delegacias da mulher torna a vítima ainda mais vulnerável, diante da reação imprevisível do denunciado, e da dificuldade da polícia em proteger a vítima de possíveis retaliações. Vilma entende que o agressor, quando denunciado, pode se sentir na condição de “traído”; ou mesmo agredido, numa inversão de papel onde ele se julga vítima, o que pode despertar nele o desejo de vingança.

   Vilma destaca o ciúme como o principal fator de conflitos entre casais. “O ciúme está intimamente ligado ao sentimento de posse - tanto no sentido afetivo como sexual -, que a pessoa pensa ter sobre a outra. O ciumento patológico considera a companheira um objeto, extraindo dela a condição humana essencial que é a liberdade. Quando o individuo  tem uma crise de ciúme mais intenso, ele agride a companheira verbalmente, podendo ficar enfurecido. Passado a crise vem o arrependimento e na maioria das vezes o pedido de desculpa. Agora, a perda da companheira, quando se torna uma ameaça real - o que pode ser agravado com a denúncia na polícia -, primeiramente gera um sentimento de dor no agressor, podendo, em seguida, dar lugar ao ódio patológico. Daí os casos de violência fatal. Porque quem mata por ciúme age por vingança”, alerta a psicóloga.

   Quanto à possibilidade de se prevenir o crime passional, ou reduzir as ocorrências, Vilma destaca os recursos da psicologia e da psiquiatria: “Os conflitos conjugais têm sido motivo de atenção do psicólogo, uma vez que é comum casais procurar o terapeuta para análise. Muitos desses conflitos podem ser atenuados, ou até mesmo superados”, conclui Vilma

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